Beira do Mar • Local Público •

Estava fresquinho ali, fazendo a filha de Afrodite não querer ir embora. Se aproximou mais dos amigos e se sentou na areia, sem se importar com suas roupas ao menos uma vez na vida. Ficou encarando as ondas do mar quebrarem suavemente a sua frente e sorriu. Virou o rosto para olhar eles e fazer uma apresentação decente:

- Eu sou Fleur, filha de Afrodite. É um prazer conhecer vocês.

Meus olhos correram por eles e pararam no meu irmão, o Sammy. Podia não parecer, mas eu era muito protetora com meus irmãos e me preocupava com eles, afinal, eram a única família que ela tinha contato direto e relativamente amigável. Se levantou após um tempo de silêncio e lançou um sorriso faiscante para todos eles:

- O que trás semideuses tão lindos como vocês a praia em uma noite como essa?

Meus cabelos bagunçados começaram a se arrumar novamente, voltado lentamente ao normal. Minhas roupas amassadas começaram a ficar lisas novamente e fiquei alegre com isso. Mesmo apesar do meu estúpido cansaço gerado pelo estúpido dia, eu me sentia bem melhor quando estava... Atraente, assim podemos dizer. Não me culpem, afinal, eu também sou uma filha da Deusa da Beleza.

Sorri para o filho de Deméter, animada. Aquele era o primeiro filho de Deméter que eu tinha contato no Acampamento, achei isso um tanto... Divertido. Pelo fato de eu nunca ter falado com o garoto, acho que isso deixava o silêncio meio constrangedor, por isso fui tentar puxar assunto. Porém, antes que eu pudesse sequer abrir a boca, percebi que um outro vulto se aproximava. Por instinto, minha mão desceu até o cinto, pronta para transformá-lo caso necessário, o que graças aos deuses não foi preciso. Logo se percebia que tratava de outro semideus, que eu também nunca tivera contato. Sorrindo alegre, caminhei em direção do recém-chegado e lancei um sorriso para ele:

- Olá! Eu sou Fleur, filha de Afrodite. Venha, se junte a nós.

Virei para trás e fiz sinal para que Leon e Gorrie se aproximassem, logo em seguida voltando o olhar para o semideus novo. A noite estava sendo agradável, eu estava conhecendo novos amigos, afinal o meu dia fora desastroso, pelo menos a noite compensava isso. Só de lembrar do exaustivo dia que eu tivera, o cansaço bateu novamente e, sem me importar muito, sento na areia e abraço minhas pernas, mirando a lua ao horizonte. Aquele sim era um espetáculo: O brilho do luar refletido no oceano em uma noite calma e pacífica. Em minha opinião, bem melhor que uma festa lotada e agitada, onde todos ali são fúteis e bobos. Apoiei meu queixo no joelho e sorri com o vento que fazia carinho em meus cabelos.

Soltei uma risada baixinha ao ver o garoto gaguejar. Eu tinha me dado conta, mas ficar com os amigos do Acampamento era a melhor coisa do mundo, eu já tinha esquecido todos os meus problemas. Novamente, a brisa bateu e meus cabelos esvoaçaram, cobrindo o meu rosto parcialmente. Dando risada, tirei-os do rosto e sorri para o meu novo amigo:

- Ah sim, ela mesma. Sabe, eu não tenho muito contato com ela, mas ela já me mandou um presene pra mim e as vezes eu falo com ela nos sonhos. Eu sei que ela está sempre ao meu lado, e isso para mim basta. O amor não é feito de toques, e sim de ações.

Dei uma piscadela para ele e voltei a olhar o mar, o tão extenso e maravilhoso mar. Eu sempre gostei do mar, ele é tão misterioso quando claro... Uma mistura perfeita do Yin e do Yang, do Bem e do Mal. Mas... Ou meus olhos estavam me pregando peça ou realmente tinha uma garota saindo do mar, como se estivesse caminhando normalmente por uma praça. Esfreguei os olhos, mas a garota continuava andando até que estivesse totalmente fora do mar, e aí, eu consegui com facilidade reconhecer o seu rosto: Naya Saunders, filha de Poseidon, uma das campistas mais antigas e poderosas do Acampamento. Eu nunca tive contato direto com ela, mas meu irmão Tyler era bastante amigo dela e, apesar disso, eu tinha a leve impressão de que ela não gostava nem um pouco de mim. Contra ela, eu não tinha nada, mas não podia negar que um sentimento um tanto inquieto despertava em mim quando eu via ela, um sentimento que lembrava com horror... Medo. Vi que ele se afastava cada vez mais de nós, como se estivesse nos evitando. Será que ela estava passando por problemas? Se fosse, eu não iria ficar parada e deixá-la sofrer sozinha. Me levantei as pressas e acenei de longe, chamando por ela:

- Ei Naya!

Sorri animada quando vi que Naya tinha se virado quando eu chamei meu nome, até eu perceber que eu não sabia o que dizer. Fiquei meio boba, apenas olhando para ela esperando alguma coisa. Ela me lançou um sorriso um tanto... Falso? Será que eu estava sendo incoveniente? Fiquei ligeiramente corada, mas ainda assim não desisti:

- Venha ficar com a gente, Nay...

Nesse momento, jatos de água atingiram meu rosto, fazendo meu cabelo ficar completamente bagunçado e estropiado, enquanto minha maquiagem ia por água abaixo... Literalmente. Por instante, eu não tinha entendido o que acontecera, mas isso foi antes de eu ver a risada de Naya e vê-la cantarolando enquanto nos deixava ali. Trêmula de frio, tentei lançar um olhar de raiva para ela, mas não consegui. Mesmo sem saber o motivo, aquela situação me deixara realmente triste. Sem virar o rosto para encarar os garotos ali presente, falo baixinho:

- Desculpe por colocar vocês em perigos, as Harpias poderiam ter nos emboscado... Eu tenho que ir, me desculpem.

E assim, corri o mais rápido que podia para dentro dentro da floresta, me orientando pelo riacho até chegar aos chalés. Adentrei o chalé de Afrodite e me tranquei no banheiro, onde tomei um banho quentinho. Coloquei o pijama e deitei em minha cama, um pouco triste pelo acontecido, mas aquela noite ainda não deixara de ser uma das melhores até agora no Acampamento. Lentamente, fechei os olhos.